segunda-feira, 31 de outubro de 2022

Que dias estes!... dias que transformaram o viver num desafio... a incerteza revestiu todos os aspectos da vida, desde os mais sagrados: a saúde, a visão do mundo, a imagem do mundo que nos resta e que nos espera, até às coisas mais elementares como o funcionamento dos electrodomésticos  ou dos instrumentos que de um momento para o outro -- e sem explicação -- deixam de responder como de costume.

E é preciso saber viver com esta instabilidade e incerteza, relativiza-la, respirar fundo e continuar.

Viver uma pandemia é estar permanente imerso na estranheza. Tudo a abanar e nada se poder dar por certo. As fronteiras diluíram-se e esbateram-se. Os velhos hesitam entre o medo e a indiferença pelo que sempre acreditaram, os jovens, entre a eterna esperança e a descrença.

Durante anos ela já fermentava: 'um dia de cada vez', mesmo que não se acreditasse verdadeiramente no que se dizia. Hoje é uma simples realidade, porque não se consegue vislumbrar com nitidez o dia seguinte e o ontem já foi há demasiado tempo.

Outra coisa que se estabeleceu foi a distância, dizem-na social para vincar que é relativamente aos outros. Se só há agora não pode haver rota, nem destino.

(Qua, 21 de Jul 21)


O que a Pandemia veio fazer foi estilhaçar todas as rotinas que sustentavam as actividades em que se dividia a vida.
Agora, parece que a questão é como reconstituir a vida fragmentada e desarticulada.

(Qua, 13 Out 21)

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