Chove. Chove ininterruptamente. Esta chuva leva-me a uma
choupana desaparecida. Uma miserável taberna coberta de colmo. Em frente do
Largo da Estação. Nos meus vinte anos? Por aí, bem encravada no passado. Começou
a chover e o monge abrigou-se ali. E começou a beber. Os donos do tugúrio
queriam fechar a porta, o monge continuava a beber, sucediam-se as embaixadas
para o demover a abandonar o local. Era já tarde – noite cerrada – mas como a chuva
continuava a cair o monge continuava a beber. Dizia que só parava quando a
chuva parasse. Não sei, já não me lembro, como acabou a história. Mas nunca a
esqueci e quando chove muito vem-me à memória.