sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

dos limites da justiça...

contado por Simone Weil, a partir de Tucídides

(...) Os Atenienses, em guerra contra Esparta, queriam forçar os habitantes da pequena ilha de Melos, aliada de Esparta desde a mais recuada antiguidade e que atá aí permanecera neutra, a juntarem-se-lhes. Perante o ultimato ateniense, em vão invocaram os Mélios a justiça, em vão imploraram misericórdia pela antiguidade da sua cidade. Como não quiseram ceder, os Atenienses arrasaram a cidade, deram morte a todos os homens, venderam como escravos todas as mulheres e crianças.
As linhas que aqui se citam são postas por Tucídides na boca desses Atenienses. Começam por dizer que não irão tentar provar a justiça do seu ultimato.
«Tratemos antes do que é possível... Sabei-lo tal como nós; da forma como o espírito humano é constituído, o que é justo é sujeito a exame unicamente quando há necessidade igual de parte a parte. Mas, se há um forte e um fraco, o que é possível é imposto pelo primeiro e aceite pelo segundo»
Os Mélios afirmaram que, em caso de batalha, teriam os deuses a seu lado, em virtude da justiça da sua causa. Os Atenienses responderam que não viam motivo algum para o supor.
«Temos relativamente aos deuses a crença e relativamente aos homens a certeza de que, por uma necessidade da natureza, cada um domina, sempre, por toda a parte onde tem esse poder. Nós não estabelecemos essa lei, não fomos nós os primeiros a aplicá-la; encontrámo-la estabelecida, conservamo-la como lei que deve durar para sempre; e por isso a aplicamos. Sabemos bem que vós também, como todos os outros, uma vez chegados ao mesmo grau de poderio, agiríes da mesma forma». (...)
«Filosofar é aprender a morrer»
Platão

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Adiar certas coisas é apenas vê-las com calma.
Há em certas caras uma promessa que não se desenvolveu...
Ah, se a perfeição não tivesse que ser completa para ser perfeita!
Só somos um quando somos deuses ou animais, e quando... nem tempo temos para falar connosco.
Nós e a nossa memória: como pode ser doce recordar a intensidade de certos momentos passados... felicidade que, sem consciência de si, pode vir reflorescer aqui e agora.
Ter a grande ambição de julgar ter uma missão, é a ilusão de pensar poder viver para além da vida quando a verdade é que essa ambição nos distrai da vida, subtraindo-nos uma grande parte dela...

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

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Se nos olhos não ardesse uma chama,
nunca o sol poderíamos mirar;
se não nos habitasse a força de Deus,
como é que o divino nos poderia enfeitiçar ?



Goethe
(em tradução livre)