segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

«(...) que Sócrates ensinara que a virtude se pode ensinar (e portanto, aprender), quer dizer, que somos donos do nosso próprio destino.»

As razões dos suicídios de Sócrates e de Séneca?
Os diferentes preços da insónia.

A noção da «retirada». Ao que parece, para viver a sério, temos que estar preparados para deixar de viver a todo o momento.

Já Séneca dizia: «O pior dos males é estar morto antes de morrer».

(...) a substância mesma da vida humana: o tempo. O tempo que engendra tudo!

Heráclito diz que o homem continua a ser uma criança, tão criança aos olhos da divindade como a criança aos olhos do homem maduro. E ainda, que o tempo é uma criança que joga aos dados.

E Séneca, também sobre nós e o tempo: «Não somos crianças duas vezes; somo-lo sempre, mas os nossos jogos são mais perigosos».

A consciência do tempo:
(...) Pois o tempo, como quase toda qualquer outra realidade, para ser inteiramente e claramente percebida, exige outra distinta desde a qual possa ser abarcada. Que a nossa vida é tempo, é coisa que se adverte quando tivermos tocado com alguma extremidade da nossa alma, alguma coisa de intemporal.

«(...) em certas épocas, o melhor apoio da vida é o que parece por vezes ter sido o seu contrário: a razão».
No sentido de dizer que estar na razão pode corresponder a renunciar à razão.

Entrar na razão, tal como descobrir o tempo, é também uma desocultação: tanto como qualquer perca de ilusões.

(...) a acção verdadeira é a única que mata o tempo (...) pois todo o acto é na realidade um êxtase.

Nada mais exótico que a acção verdadeira, pois ela detém o tempo.

O que Séneca defende é o tempo, a vida; uma administração do tempo vigilante sempre à frente da morte, que não nos aguarda no fim mas que está sempre presente, levando-nos as horas e o seu gozo; e a entrega perfeita, a resignação a tudo com que nos deparamos. A arte de matar o tempo e de aceitar a morte, de a matar à força de estar disposto a deixar-se devorar por ela.


(a partir de «O pensamento vivo de Séneca», Maria Zembrano)

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Na verdadeira leitura, não ouvimos só, também falamos...
(A propósito da Arte, moderna ou «antiga»)

A verdadeira Arte é inqualificável, ou a sua qualificação é irrelevante, como se perante a salvação que é o abrigo de um alpendre nos questionássemos se é moderno ou se é antigo.