sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Enquanto percorro os longos corredores do antigo hospital penso em quanta dor escorre daquelas paredes.

Esquecemos frequentemente quem somos. Sempre na minha vida aparece alguém que me abana e acorda. Na verdade, nem sequer existimos, somos imagens de nós próprios que outros nos devolvem.

Ah! O desencontro de idades no mesmo ser! Ainda que aprecie o espírito, sou pela carne!


quinta-feira, 13 de outubro de 2016


Não há aperfeiçoamento sem repetição.

Tal como o cais quando passamos de comboio nos parece em movimento e nos dá a ilusão que passa por nós, assim passamos nós pelo tempo e não ele por nós.
Quanto ao relógio, ele existe: é o nosso próprio corpo.

Não há caminho comum; cada um vai na sua direcção. Que dupla estupidez: Pensar que vamos todos para o mesmo sítio e  que seja o que escolhemos o único caminho!



A minha razão desfez-se contra a parede como um pau de giz contra a ardósia.

Quanta agitação! Parece que piso grandes placas de gelo que balançam à medida que avanço. por todos os lados, a incerteza. E as incertezas são, quase sempre, ameaças.

Não sei se é o eco desse balanço que me conduz à dúvida, ao ver debaixo dos meus olhos transmutar-se o que penso no seu contrário, ou se é esta dúvida o que faz abanar o mundo.