Passo ao lado das ruínas: casas, jardins... há muito que o mundo se fragmenta. Regurgita lentamente e reconstitui-se num outro. Mas a beleza, Meu Deus! Onde ficou?
Diz R.B. que a poesia japonesa tem sempre um referente temporal: a uma estação, a uma hora do dia, a uma atmosfera (a ventania, a queda da chuva ou da neve...). É essa necessidade premente que sinto: nunca o perigo do desnorte, da confusão , de perder o pé foi maior.
Os anos escorrem uns sobre os outros, perde-se a noção de quando acaba um e começa outro. Os lugares transitam, mudam de sítio e perdem a ordem cronológica. É preciso fixá-los, prender os acontecimentos ao calendário, interromper a desordem em que se transformou a vida.
Os obstáculos para viver somam-se, amontoam-se à medida que o tempo passa... vence-los será como voltar a encher o frasco com o mesmo líquido depois de este se ter derramado...
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