segunda-feira, 24 de junho de 2013



O calor estala... e tudo desabrocha!
Humm...
A nudez!


da consulta



-- Nenhuma relação é inútil... Nenhuma relação é uma perca de tempo!
(Maria João, dixit).
-- Sim. porque noventa por cento das paixões, são paixões não correspondidas... mas quando são...!
-- É o nirvana, e sorriu.
(Idem).




sábado, 22 de junho de 2013



Como dizia, cúmplice, um velho conhecido: “Isto é uma chatice, quando se chega a velho…”
*
Aquele que o destino diferenciou não tem dificuldade em lidar com a diferença. Mas terá sempre a nostalgia, impossível como o paraíso, da igualdade que identificará com a paz.
*
Como teria sido se não tivesse nascido com a ruptura? Teria sequer nascido?
*
O que é que eu perdi ao longo da vida, além do cabelo? Nunca deixei de fitar o horizonte!  No fim, terei perdido tudo, estarei leve como um passarinho e eu e o horizonte seremos um. Quero a coragem porque melhor passaporte nunca conheci: quem sai aos seus nunca degenera.
*
(Cada vez tenho menos paciência para o que não me interessa… talvez a sensação que o tempo é paciência tenha alguma coisa a ver como isso).
*
Bom… e a poesia será para quem deseja domar o tempo.
*
Eu, não sei, quero viajar. Nele, se for a companhia aérea. Não conhecerei melhor companhia para viajar do que eu próprio. Velhos companheiros!
*
O filão entra pela montanha. É aí que me sinto bem…
*
O tempo não perdoa. Mas eu gosto disso, porque já vem na conta…
*
Penso, enquanto tomo um café na leitaria do Zé e sorvo a bica à frente da casa do Xico Zé à memória de quem me inclino.
*
Mais tarde, entro no castelo de mão dada com a força e a fragilidade, desassombradamente, e
responde-me o eco dos meus passos….
*
[Um dia, que se afastará sempre como o horizonte, reescreverei tudo…]















terça-feira, 18 de junho de 2013



Continua a chover…
Nnca conheci ninguém que acreditasse mais no futuro do que os meus pais.
O presente  era vivido com grande espirito de sacrifício, mas com alegrias e também com dramas intensos.
Não há arte que não seja autobiográfica porque não podemos deitar cá para fora mundos que não tivermos dentro de nós.










terça-feira, 11 de junho de 2013





(…)
Até onde a vista alcança, reina o instante.
Um desses instantes terrenos
aos quais se pede que perdurem.

Wislawa Szymborska, Instante


sexta-feira, 7 de junho de 2013



Cravo cada dia no dorso da semana e subo
Quando chego ao alto da colina despejo o balde
Para no vale na segunda-feira seguinte
Sem me afogar o voltar a encher 

A corda soltou-se da roldana
A luz vem do alto com estrondo
Antes que o alçapão se feche
Enclausurando-me com os meus demónios
Tenho que sair do poço

São sempre frios os dias de cinzas
O desencontro alargou-se à terra inteira
A luz já não aquece
Ouço os meus passos no meio da seara
Que ondula e arrefece



in Flautas no Canavial, 
Domingo, 26 de Maio de 2013

quarta-feira, 5 de junho de 2013



Os que comprei hoje, na escapada da hora do almoço. Diego & Frida, foi só para ocupar um vazio porque tinha oferecido o meu exemplar à A,






As coisas que acontecem a quem vive sozinho!... As luzes que ficam acesas porque saímos já com os óculos escuros postos e a penumbra na claridade matutina se confunde com a luz eléctrica. Ou a torneira silenciosamente aberta que se transforma em fonte copiosa ao bater da porta…

Enfim.  desde que não haja inundações!...



A arte e os produtos artísticos [1]
(A arte tem muito – bem… tudo! – a ver com Eros).
A masturbação nunca é a mesma coisa… é a paixão por si próprio; é necessária, mas não chega a ser suficiente.























E as pessoas que conhecemos de qualquer parte…?
(Sobretudo as de parte nenhuma!?)







[1] De António.Barahona, entrevista ao Jornal da Letras

Gosto do relâmpago, de quem se pode dizer que tudo é seu enquanto dura...  rápido como ele, aparece e desaparece... se não rivalizaria com o próprio dia.
O terrível trovão é apenas a trompa que o anuncia.

Nada mais belo que o canto do cisne e os últimos raios de sol.
O derradeiro e o decisivo é o mundo  para lá das pessoas. (Onde vivem os deuses).

Os jacarandás já desabrocharam, timidamente floriram, fazem do verão a sua primavera e estendem-nos suavemente a passadeira para os dias que hão-de vir. O verão chegará com a sua exuberância...


terça-feira, 4 de junho de 2013



Os livros que comprei, até agora, na Feira do Livro. Alguma sugestão?
(O que está no fundo -- talvez não se leia -- é Fogo Errante de Óssip Mandelstam)





“(…) Ninguém me iniciará sobre nada,
1º porque se trata de mim, e sei mais sobre mim do que qualquer outro,
2º porque exteriormente a mim não há mais que outros homens com ou sem eu
mas nenhuma natureza, nenhum cosmos, nenhuns princípios, nenhumas essências, nenhumas verdades gerais, nenhuns fundamentos universais de um ser das coisas, que não existe.
Nenhum homem tem, no plano da vida
e para se encontrar aí com outro, o porta-palavra de uma ideia, noção ou percepção comum.
De forma arbitrária se criaram sensações, sentimentos, emoções e noções chave para qualquer fechadura, perante os quais toda a gente acredita que se compreende e pensa a mesma coisa ao serem pronunciadas as palavras amor, honra, liberdade, verdade, quando afinal nada existe como as noções de amor, honra, liberdade ou verdade
para separarem tanto um homem de outro homem.
Por isso não acredito que haja um mundo oculto ou qualquer coisa de escondido no mundo, não acredito que existam sob o real aparente andares enterrados e refluídos de noções, percepções, realidades ou verdades.
Acredito que tudo, e sobretudo o essencial, sempre estiveram a descoberto e à superfície, e isso só foi ao fundo porque os homens não souberam e não quiseram dar-lhe o seu apoio.
E nada mais. (…)”



Carta a André Breton, in Eu, Antonin Artaud





Devorei um livro em dois dias. Há muito, muito tempo que não tinha essa fome antiga. Ele, A.A.


O desprezo é uma distância. Não existe sem altivez. É entre as pedras que a a água é mais pura. Tudo se resume a navegar sem norte: a água sabe o segredo. Para quê espelhos, se todas as caras são reflexos?

Interrogo-me: quando for livre, o que farei da minha liberdade?



segunda-feira, 3 de junho de 2013



Sempre pensei -- e acho que não estou enganado -- que para reencontrar a poesia era preciso ter vivido.




Quem não entende a realidade sofre-lhe as consequências.
Só agora comecei a subir o rio…

A dimensão das ilusões mede-se pelo tamanho das desilusões. Só a indiferença pelo mundo – como nos indicam o silêncio e a solidão – nos pode colocar no caminho da bem-aventurança, para onde será canalizado o interesse pela vida. A vontade de viver é tanto mais intensa quanto mais aprender com a natureza a ser indiferente – como ela é -- a tudo o que não seja ela própria.