sábado, 30 de junho de 2012
quinta-feira, 28 de junho de 2012
quarta-feira, 27 de junho de 2012
Os sons do silêncio:
O som da nossa respiração como o
fluir e refluir do espasmo das vagas no areal, o imperecível ruído de um gaz ou
de um líquido numa qualquer distante canalização, os estalidos de um ou mais
interruptores ao serem ligados ou desligados, uma fechadura a abrir ou a
fechar, uma porta a cerrar-se, um copo a encher, o roçagar de um saco de
plástico a roçar numa esquina, o zumbido monótono de um ventilador, uma frase de
convocação…
O frio e o vazio.
O tempo anda tão devagar que
parou.
sábado, 23 de junho de 2012
A iluminação é uma deflagração na mente.
A religião está cada vez mais presente à nossa volta: sob a
forma de orientalismos, de igrejas, trasvestida sob o anseio poético… até neste
crescente fascínio pelo pensar e pela filosofia (no que a mim toca).
E a sedução da poesia, como trampolim para o maravilhoso,
acompanha também a marcha dos meus dias…
(…) ter presente o mais que perfeito
La macchina fotografica è per me un blocco di schizzi, lo
strumento dell’intuito e della spontaneità. Fotografare è trattenere il respiro
quando le nostre facoltà convergono per captare la realtà fugace; a questo
punto l’immagine catturata diviene una grande gioia fisica e intellettuale.
Fotografare è riconoscere nello stesso istante e in una frazione di secondo un
evento e il rigoroso assetto delle forme percepite con lo sguardo che esprimono
e significano tale evento. È porre sulla stessa linea di mira la mente, gli
occhi e il cuore. È un modo di vivere.
Henri Cartier-Bresson
Henri Cartier-Bresson
sexta-feira, 22 de junho de 2012
terça-feira, 19 de junho de 2012
VISÕES DE FERNANDO PESSOA NO METRO DE LISBOA
Regresso à cidade longínqua
num ocaso que se avizinha
que se imagina decerto selvagem
caminho para um sítio e nada me demove
nos comboios subterrâneos
no carril central está escrito
PERIGO DE MORTE
São ímanes do silêncio que vigiavam a minha serenidade
a minha sanidade não me restituem
procedem do infinito e somem-se no infinito
estes comboios são desaparições
são carruagens de metro vazias
e tudo se acalma no seu errante silêncio
Incompreensíveis e melancólicas
lambem-nos as sombras das multidões
um silêncio profundo e terrestre
dormente que se avizinha que se adivinha e ilumina
entre grutas e minas
Indeciso digo então que vi Fernando Pessoa
com um telemóvel numa carruagem de metro
à hora de ponta
a escada rolante Baixa-Chiado estava imobilizada
Pessoa confrontou-se com um dístico que dizia
ATENÇÃO EQUIPAMENTO FORA DE SERVIÇO
Isto nada bate certo
Fernando Pessoa era há muito uma estátua
para fotografias de amantes e turistas
e ninguém espera que ele acorde do seu torpor
Mais tarde porém voltei a fixá-lo noutra estação de metro
impecavelmente vestido com seu estilo sempre lógico
despojado sóbrio talvez uma vez por outra
falasse sózinho
outra vez e finalmente tê-lo-ei visto a jogar dominó num
tabuleiro
de uma tasca sustendo no ombro um papagaio da amazónia
que ele instruía para falar por si
saúdou-me com seu obstinado sorriso de Gioconda
depois foi-se embora para apanhar a última carruagem
vazia da noite...
Vasco Câmara Pestana
sábado, 16 de junho de 2012
HORAS DE TUNES DE ISABELLE EBERHARDT
"Durante dois meses do Verão de 1899, persegui o meu sonho de um antigo
Oriente esplendoroso e melancólico, nos velhos bairros brancos cheios de sombra
e silêncio de Tunes. Morava sózinha com Khadidja, a minha velha criada
mourisca, numa das zonas mais retiradas de Bab-Menara, quase no topo da colina.
Era de facto um labirinto aquela casa,
misteriosamente traçada, complicadamente distribuída por corredores e divisões
desnivelados, enfeitada com faianças coloridas de outrora, delicadas esculturas
de estuque...Lá dentro, na fresca penumbra, no silêncio que só o canto
melancólico dos mueddine perturbava, os dias sucediam-se deliciosamente inertes
e cheios de uma suave monotonia isenta de tédio...O desconhecido destilava
assim suas melodias e suspiros... Os últimos clarões do dia lançam longos
rastos sangrentos no chott deserto, nos eucaliptos quase completamente azuis,
nos rochedos avermelhados e na muralha cinzenta. depois bruscamente tudo se
apaga e afunda-se numa bruma azulada na direcção da muralha e na direcção da
cidade"...
O melhor é não trazer nem malas nem muita bagagem
porque tudo pode virtualmente passar-se
entre o fogo dos meus olhos espiando
a religião que brotava dos lábios
quais vulcões vagamente ameaçadores
buracos deslizando como um escorpião
em qualquer sítio
nas praças
nas ruas
nos pátios
a SUDOESTE via-se a Constelação de Néons !
Permitam-me então a vossa companhia
somos de somenos importância
mas comemoramos uma vitória:
cercado por fossos um sahib navegador
chegara a Deli
e vinha por causa de uma impaciência apocalíptica !
--- Venho dizia para fruir do prazer das ruínas
venho atraído por versículos opulentos
que lerei sentado como um velho ancião hindu
meditando relendo e reencarnando
com os seus óculos de lente e aros grossos
como os de Ghandi em Varanesi !
Vasco Câmara Pestana
O deserto é todo
Ele a imagem da perfeição
O vazio que inebria
A estepe íntima que corrói
O silêncio para sempre murado
Incandescente
Onde se desmoronam todas as casas vermelhas
De Marrakech, Djemaa-el-Fna se eu soubesse
Que noutras vidas vagueei por aqui
Se eu soubesse que havia há séculos
Um vento fresco à minha espera
Em Agadir
Se eu soubesse destas labaredas que subiam da noite
Se eu soubesse de Marrackech, Imozeur, Tiout, Taroudant...
Se eu soubesse da vida, da verdadeira vida
Cultivada como coisa breve mas eterna
Fruto raro e solar de um cacto
Arde-me na boca no estômago na alma
Inútil se eu soubesse por Agadir
Teria ficado
Se eu soubesse que Essaouira existia
Para além dum bilhete postal
Teria traficado o meu ser mas teria ficado
Mas teria sonhado
E teria esquecido !
Ele a imagem da perfeição
O vazio que inebria
A estepe íntima que corrói
O silêncio para sempre murado
Incandescente
Onde se desmoronam todas as casas vermelhas
De Marrakech, Djemaa-el-Fna se eu soubesse
Que noutras vidas vagueei por aqui
Se eu soubesse que havia há séculos
Um vento fresco à minha espera
Em Agadir
Se eu soubesse destas labaredas que subiam da noite
Se eu soubesse de Marrackech, Imozeur, Tiout, Taroudant...
Se eu soubesse da vida, da verdadeira vida
Cultivada como coisa breve mas eterna
Fruto raro e solar de um cacto
Arde-me na boca no estômago na alma
Inútil se eu soubesse por Agadir
Teria ficado
Se eu soubesse que Essaouira existia
Para além dum bilhete postal
Teria traficado o meu ser mas teria ficado
Mas teria sonhado
E teria esquecido !
Vasco Câmara Pestana
sexta-feira, 15 de junho de 2012
domingo, 10 de junho de 2012
sábado, 9 de junho de 2012
sexta-feira, 8 de junho de 2012
quinta-feira, 7 de junho de 2012
quarta-feira, 6 de junho de 2012
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