Largem-me da mão! Na minha cabeça
estão e estarão os meus e os teus dezassete, vinte anos! Que me importa se é
assunto só meu? Creio que tu também pensas nisso, mas só nas horas solitárias,
na penumbra da noite assombrada, quando estás a salvo dos outros, só perante ti…
(estamos de mãos e pés atados, a voz amordaçada…). Eu, que não reconheço outras
horas, penso nisso agora e recordo as madrugadas em que o sonho não conhecia a
fronteira da vigília. Não me venham dizer que as horas são todas iguais! Não me
canso de dizer que troco anos por certos instantes. Isto subverte todas as
idades da vida. Até à porta se fechar, por mais portas que também tenha que
fechar.
Ouço uma melodia que ecoa na minha
cabeça e me acompanhará o resto da tarde.