Como dizia, cúmplice, um velho
conhecido: “Isto é uma chatice, quando se chega a velho…”
*
Aquele que o destino diferenciou não
tem dificuldade em lidar com a diferença. Mas terá sempre a nostalgia,
impossível como o paraíso, da igualdade que identificará com a paz.
*
Como teria sido se não tivesse
nascido com a ruptura? Teria sequer nascido?
*
O que é que eu perdi ao longo da
vida, além do cabelo? Nunca deixei de fitar o horizonte! No fim, terei perdido tudo, estarei leve como
um passarinho e eu e o horizonte seremos um. Quero a coragem porque melhor
passaporte nunca conheci: quem sai aos seus nunca degenera.
*
(Cada vez tenho menos paciência
para o que não me interessa… talvez a sensação que o tempo é paciência tenha
alguma coisa a ver como isso).
*
Bom… e a poesia será para quem
deseja domar o tempo.
*
Eu, não sei, quero viajar. Nele,
se for a companhia aérea. Não conhecerei melhor companhia para viajar do que eu
próprio. Velhos companheiros!
*
O filão entra pela montanha. É aí
que me sinto bem…
*
O tempo não perdoa. Mas eu gosto
disso, porque já vem na conta…
*
Penso, enquanto tomo um café na
leitaria do Zé e sorvo a bica à frente da casa do Xico Zé à memória de quem me
inclino.
*
Mais tarde, entro no castelo de
mão dada com a força e a fragilidade, desassombradamente, e
responde-me o eco dos meus passos….
*
[Um dia, que se afastará sempre
como o horizonte, reescreverei tudo…]
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