quarta-feira, 27 de março de 2013


Acabaram-se as férias. Acabou-se o caderno.
Já não sonho com relâmpagos, só com a veia aberta pulsando ao ritmo das linhas. E em sentir-se assim sereno, correndo por dentro, fora do alcance das sombras que desfilam. É tão delicado este estado quando tudo estrondea à nossa volta... Não se sabe para onde é que isto vai. E depois? Se conseguires suster-te suspenso em cada momento não importa o que venha, -- a preocupação interrompe-te o planar, pesar-te-à nas asas, apertar-te-à o pescoço até te faltar o ar, deixarás de deslizar, avançarás aos tombos --, recorda o acordo entre o regato e o leito. O mundo é um espectáculo, um mar de sargaços e de sentimentos. No horizonte voam pontos e vírgulas. Se fechares os olhos verás, verdes e rutilantes, os saltos dos peixes-voadores e seguirás viagem com eles.
Às vezes o intervalo vale mais do que a sessão e um dia glorioso não necessita de ser luminoso, até pode ser chuvoso como o de hoje.
(A paz que este ritual me proporciona! Parar, pensar e contar, na língua do país estrangeiro por onde viajei, as notícias do que vi com os olhos da alma).

mais tarde
Mais uma morte. Pouco a pouco, o mundo mingua e a sua recordação cresce.


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