terça-feira, 15 de novembro de 2022

 (Sex, 26 Nov 21)

Este caderno coincidiu praticamente com o período da pandemia: tempo suspenso, parado, vazio... em que os dias não param porque são todos iguais. Tempo de isolamento, em que não se pode abraçar ninguém, nem beijar... nem sair, nem festejar... Tempo em que a associação característica do que é social é interdita ou, pelo menos, desaconselhável. Poderia ser um bom tempo para a criação pela solidão que pressupõe, pelo isolamento, pelo tipo de tempo que se vive (um relógio sem ponteiros). Mas tempo mais dramático para oa amantes não deve existir. Os amantes que estão sempre mais separados do que gostariam, são aqui separados por tudo. Até pelo silêncio. O que talvez acabe por ser o mais cruel.

Com o termo deste caderno talvez a minha atitude face ao tempo da pandemia acabe por mudar. Já tenho propósitos. Não posso dizer que não tenha já alguma coisa. (Ignorá-lo é uma forma de negar-lhe a existência).

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