quarta-feira, 1 de julho de 2015

1 Jul 15, qua


(nada está perdido)


Descobri, passados cinco anos, no fundo de uma antiga mochila um velho caderno que julgava perdido. Tive, quando dei pela sua perca, um enorme sobressalto, como se um pedaço de mim tivesse caído e ficado para trás na estrada ou alguém ou alguma coisa tivesse apagado definitivamente da minha mente e tornado irrecuperável a recordação de certos momentos, vitais como todos os que nela têm morada. Afinal, melhor que a projectada hipótese de reconstruir esses registos a partir do que pudesse lançar mão, o que acabei por nunca fazer, deparei-me com o mítico caderno passados cinco anos. O que posso aprender com isto? Intactos, os escassos pensamentos aí presentes: umas horas, uns momentos... a dose de eternidade a que me concedo o direito.
(Para quem está de fora quando estou dentro de mim estou fora do mundo, o que leva algumas boas e ingénuas a inquietar-se e a temer que esteja possuído por qualquer desgosto com a vida. Curiosamente é precisamente o contrário o que se passa: nunca estive tão vivo, nunca amei mais a vida do que nesses momentos em que me abismo nela).




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