O silêncio para ser silêncio tem que ser completo.
Tenho que esquecer! Esquecer a confusão entre o detergente
para tecidos delicados e a lixívia perfumada para a fixação de cores! …Eu já
não vejo! Insidioso, o esquecimento
introduz-se de permeio entre os dedos que me orientam na acção…
O outro, o esquecimento libertador, que lava a culpa, alivia
o peso do remorso e a sombra do erro, esse tarda em vir e assim se torna ainda
mais penoso continuar.
Nenhum discurso se constrói sem que antes não se fixem os
grafemas.
A velha gaiteira apanhada na saída da loja com os artigos
roubados: que ar aliviado tinha quando ainda ofegante, com o brilho da
adrenalina nos olhos após a terem deixado seguir, a vi no transporte público
quando abandonávamos o grande armazém.
Falhar e rejubilar: não tenho a certeza se não foi uma mão
mais certeira que escreveu o que aconteceu.
Sem comentários:
Enviar um comentário