Ó,
como te iludes! Como pudeste chegar a pensar que é possível voar para lá das
cordilheiras erguidas pelos estados civis e pelas idades? Como se nada mais existisse
senão nós próprios, e nos alegrássemos com isso, porque apenas nos desejávamos um ao
outro. A fome de amor faz vertigens e dá miragens... Reconhecer as ilusões
faz-nos acordar, como quando recebemos um balde de água fria, e ficamos repentinamente lúcidos. Ficamos
sempre marcados pela intensidade com que sonhámos. Descrentes também, claro. Mas
a olhar em frente. O ressentimento é próprio de quem está de costas para o
caminho.
(É
nestas coisas que me orgulho do tempo não passar e que me olho com espanto).
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