sexta-feira, 12 de dezembro de 2014



Ó, como te iludes! Como pudeste chegar a pensar que é possível voar para lá das cordilheiras erguidas pelos estados civis e pelas idades? Como se nada mais existisse senão nós próprios, e nos alegrássemos com isso, porque apenas nos desejávamos um ao outro. A fome de amor faz vertigens e dá miragens... Reconhecer as ilusões faz-nos acordar, como quando recebemos um balde de água fria,  e ficamos repentinamente lúcidos. Ficamos sempre marcados pela intensidade com que sonhámos. Descrentes também, claro. Mas a olhar em frente. O ressentimento é próprio de quem está de costas para o caminho.

(É nestas coisas que me orgulho do tempo não passar e que me olho com espanto).




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