Cruzamos o rio cuja torrente, rugindo como um trovão,
passava por baixo e rente ao tabuleiro da ponte. No regresso, noite cerrada, dantesca e
tumultuosa, acompanhada de chuviscos, com a lua reflectida nos redemoinhos da
corrente, depara-mo-nos com a ponte submersa. Atravessamo-la com a água pelo
meio da barriga das pernas, agarrados com uma mão ao cabo de aço que unia, bambo, os prumos da guarda que eram os únicos elementos que emergiam da água. Na outra mão, o par de sapatos.
Pensava que era mais uma das recordações da qual já não tinha testemunhas. Ainda não. Por enquanto, não.
Morte certa. Fintei-a algumas vezes, mas ela é certa.
A uma solidão completa não falta nada.
"Deita-te a meu lado", disse-lhe, " e dá-me a mão".
(Tive a esperança que sonhássemos o mesmo sonho).
Sem comentários:
Enviar um comentário