Penso que a partir de agora as coisas irão ser diferentes… Nunca pensei que o acto de escrever pudesse condicionar tanto a escrita. Pelo contrário! Idealisticamente, -- românticamente! --, julguei que o inverso era apanágio de mais elevada qualidade… e para tal consideração alicercei-me nos juízos feitos a partir dos exemplos esplêndidos dos ouvidos doentes de Beethoven, da coisa mental que era a pintura para Leonardo, no Borges, até no Camões! (A mão decepada de Cervantes seria a direita? Sim, não lhe devia ter sido permitido começar por ser canhoto…). Premonitoriamente até escolhi como pseudónimo, aliás obrigatório, num concurso de arquitectura, o nome do mestre cego do Convento da Batalha, Afonso Domingues…
(…) da sensualidade do escrever…
(…) da "produtividade da escrita" e como esta pode, até certo ponto, saber tomar conta dela…
Um aparte. Se a escrita, como alguns temiam, ameaça a memória como exercício, ela própria se organiza como memória, internamente, e mais banalmente, externamente.
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