Na minha rua, (porque todas são
minhas), que vai dar à praceta que é uma espécie de Terreiro do Paço em que o
Mar da Palha foi substituído por uma quinta real e a estátua de D. José por um
pequeno espaço verde onde estão implantados quatro altos plátanos, e que é
conformada por duas alas de prédios de cércea constante enquanto o piso se
inclina vigorosamente, há nestes meados de Agosto um sossego e uma
tranquilidade inusitadas. As janelas estarão quase todas com as cortinadas
cerradas e sem vida e quanto muito penderá um lençol, mais além, agitando-se à leve
brisa. Mas existe uma janela protegida por um vidro único, fixo, que faz dela
um aquário. Aí, uma velha de cabelos brancos, sempre vestida de negro,
perscruta os passantes. Mira-os como quem contempla um aquário, mas ela naquela
moldura é que parece uma aparição.
E tudo na calma e no sossego dos
feriados e dos dias santos.
Sem comentários:
Enviar um comentário