sábado, 16 de junho de 2012


HORAS DE TUNES DE ISABELLE EBERHARDT

"Durante dois meses do Verão de 1899, persegui o meu sonho de um antigo Oriente esplendoroso e melancólico, nos velhos bairros brancos cheios de sombra e silêncio de Tunes. Morava sózinha com Khadidja, a minha velha criada mourisca, numa das zonas mais retiradas de Bab-Menara, quase no topo da colina. Era de facto um labirinto  aquela casa, misteriosamente traçada, complicadamente distribuída por corredores e divisões desnivelados, enfeitada com faianças coloridas de outrora, delicadas esculturas de estuque...Lá dentro, na fresca penumbra, no silêncio que só o canto melancólico dos mueddine perturbava, os dias sucediam-se deliciosamente inertes e cheios de uma suave monotonia isenta de tédio...O desconhecido destilava assim suas melodias e suspiros... Os últimos clarões do dia lançam longos rastos sangrentos no chott deserto, nos eucaliptos quase completamente azuis, nos rochedos avermelhados e na muralha cinzenta. depois bruscamente tudo se apaga e afunda-se numa bruma azulada na direcção da muralha e na direcção da cidade"...

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