HORAS DE TUNES DE ISABELLE EBERHARDT
"Durante dois meses do Verão de 1899, persegui o meu sonho de um antigo
Oriente esplendoroso e melancólico, nos velhos bairros brancos cheios de sombra
e silêncio de Tunes. Morava sózinha com Khadidja, a minha velha criada
mourisca, numa das zonas mais retiradas de Bab-Menara, quase no topo da colina.
Era de facto um labirinto aquela casa,
misteriosamente traçada, complicadamente distribuída por corredores e divisões
desnivelados, enfeitada com faianças coloridas de outrora, delicadas esculturas
de estuque...Lá dentro, na fresca penumbra, no silêncio que só o canto
melancólico dos mueddine perturbava, os dias sucediam-se deliciosamente inertes
e cheios de uma suave monotonia isenta de tédio...O desconhecido destilava
assim suas melodias e suspiros... Os últimos clarões do dia lançam longos
rastos sangrentos no chott deserto, nos eucaliptos quase completamente azuis,
nos rochedos avermelhados e na muralha cinzenta. depois bruscamente tudo se
apaga e afunda-se numa bruma azulada na direcção da muralha e na direcção da
cidade"...
Sem comentários:
Enviar um comentário