quinta-feira, 1 de setembro de 2016


Vivo este Agosto como vivo estes tempos, placidamente, mas com uma calma tensa e a consciência que nada vai durar, pressentindo o rebentar próximo da tempestade…
O calor amadurece o mundo. (Tudo traz a morte no bojo).
Os sonhos desfazem-se em quimeras, como se desejar o simples fosse uma ambição desmedida…
O fim resistir
Levantar o céu, levantar o véu, desembaraçar-me as teias, mergulhar as mãos na imagem reflectida na água. Partir, que afã
No verão tudo é carregado, as cores e os odores. A fruta madura anuncia a colheita. Na sombra do apogeu germina já a queda.
Episodicamente, intoxico-me com os sonhos e deliro. Pela violência e frequência da febre reconheço a gravidade do estado. Mas saber que se sonha já é estar acordado.
Com a incerteza do que virá (com o terrível no horizonte) é cada vez mais comum o sentimento de viver o presente sem futuro. Ora do dia-a-dia ao aqui e agora -- o velho abre-te sésamo! – andamos, com a mais profunda angústia na alma, perigosamente com um pé no sonhado.

A queda persegue o apogeu como a sombra o segue.

[8 de Agosto de 2012]

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