terça-feira, 15 de setembro de 2015


As propriedades curativas da solidão. (É uma expressão que Mishima usa algures no primeiro volume da sua tetralogia do Mar da Fertilidade -- e que nunca esqueci). Talvez ter começado a ler agora o Não-humano de Osamu Dazai mo tenha recordado. Ontem tinha chegado a pensar que o mais importante era fixar um objectivo, como quem pendura uma cenoura à frente do focinho do cavalo para o fazer andar. Pura ilusão! também ontem, ao cair do dia útil, reencontrei uma testemunha da minha vida, um companheiro de infortúnio com quem travei uma longa conversa: cheguei à conclusão que era um sábio que encarava a vida como uma maratona e que o seu objectivo e prazer era praticá-la: um atleta. Aqui, ali, em Trondheim, na Tailândia, na China ou em Singapura: quanto mais longe, melhor. E transpõe e aplica o conceito ao seu dia-a-dia. Levanta-se sempre muito cedo apenas pelo prazer de se levantar cedo. Este é o segredo: as coisas por elas mesmo. Quem está consigo nunca está só e bastam dois para estabelecer uma norma.



segunda-feira, 14 de setembro de 2015


Fui ver!...
Saí intempestivamente da cama, dormi mal, ansioso, temeroso que o despertador não funcionasse... e que não acordasse a tempo. A tempo! A tempo de recolher todas as emoções que esta manhã me deu: a hesitação que fez a mulher de meia-idade ficar plantada no cais enquanto as portas  se fechavam com estrondo e na plataforma apinhada era contemplada com comiseração enquanto o comboio arrancava ou o jovem que amparado por algumas, poucas, almas generosas, pálido e a desmaiar desceu numa das estações para a gare onde se recompunha enquanto a composição impaciente aguardava o retomar da marcha.
E agora aqui estou a contemplar o momento... acicatado pela questão de sempre: são tão preciosas estas primeiras horas do dia!... ainda que a elas aceda pelas piores razões.
Como mudar isso? Que objectivo estabelecer que tenha força para me fazer mover?
Terei força, imaginação e coragem?



quinta-feira, 10 de setembro de 2015



Não vejo grandes soluções... a única coisa a fazer é continuar, aguardar aquilo que for. Pessoas? A maior parte só fala de dinheiro. Daí não ser possível manter a sanidade e a inteligibilidade, -- mesmo para nós próprios --, sem o confronto, a perscrutação e a consolidação que pressupõe a escrita, mesmo e principalmente a confessional.
Não se tratam de punhetas.
(A alternativa é não pararmos  de nos mexer).