Que a fotografia sirva para
reter, fixar, parar a marcha do tempo, parece-me uma ilusão. Por um lado, pelo
contrário, afasta ainda mais na memória o que conserva tão vívido. Por outro,
nada, mesmo nada é eterno. Talvez a eternidade. Mas a eternidade não é o
contrário da morte, não é seguramente o arrancar dos ponteiros ao relógio ou se
o for é também abrir um abismo no seu mostrador. O contrário da morte é a vida
e quem a serve e é através da poesia que esse combate se trava.
Uma foto é um biombo: esconde
mais do que mostra. Por isso, na prática, fecho os olhos no momento do disparo:
se atirares no escuro e acertares é Deus que guia o tiro.
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