Ponho-me a pensar qual foi a
última vez que a vida, futura, me pareceu simples. Cheguei a pensar que me
bastava passear com uma máquina fotográfica na mão para me sentir feliz. Um
caderno de apontamentos, como este, também ajudava. Haveria sempre aqueles
momentos de retiro do mundo em que vejo muito mais do que o que contemplo, que
perpassa por mim um desejo e em que por um instante fico suspenso de uma descoberta,
fascinado e tomado por uma sensação de paz. Passear é essencial, e também de bicicleta:
nesses momentos a roda pedaleira muda-se para o cérebro e lamento muitas vezes
não ter o caderno à mão. Aqui chegado, divido-me entre a última vez que fui
feliz e os momentos em que fiz projectos. Se calhar, coincidiram sensivelmente.
Senti-me tão bem quando andava sem horas, estando só mas não sozinho, escrevia,
desenhava, fotografava. Lia, passeava, ouvia música. Cheguei a pensar que tinha
encontrado a chave. Deve ter sido aí que fiz a lista de projectos ...Que perdi!
(recordo-me ainda que mencionava
os tubos de aguarela da Winsor & Newton,
cuja paleta elementar me acompanhou num tempo tão intenso há tanto tempo, bem
como blocos de desenho, etc…)
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