sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

O que é que isto quer dizer?

Há uns dias o Director ou Presidente de um chamado Gabinete de Segurança ou de prevenção de Crises veio dizer que previa a eclosão de um movimento de revolta social; hoje, um clube de economistas e tecnocratas anuncia que o país está à beira de uma crise social de contornos difíceis de prever (em simultâneo, não contente com a destruição em curso do Estado, refere a presença asfixiante do mesmo)!

Será que a estabilidade de quem tem o poder começa a revelar os primeiros sinais de estado periclitante? É que quando falam em estabilidade, é à sua em primeiro lugar a que se referem, porque o país, no seu entendimento, é uma abstracção sem qualquer correspondência com o dia-a-dia em que as pessoas vivem submersas. Quanto ao Estado é difícil perceber a que se referem, pois o Ensino e a Saúde têm sido sujeitos a tratos de polé, e o Urbanismo e o Ordenamento do Território reduzem-se agora basicamente a PIN e Providências Cautelares. Os PIN são os chamados Projectos de «Interesse Nacional» e quanto às Providências Cautelares são os Tribunais a ditá-las, como se a gestão do território fosse uma sua atribuição -- ou será por ela ser «um caso de polícia»?-- por manifesta demissão do Estado.

Para concluir o desabafo, onde está a posição dos Arquitectos sobre as «assinaturas de favor», sobre a competência para a concepção de projectos de arquitectura, sobre o saber e o respeito que o Património merece e exige? É verdade que cada sociedade tem a Arquitectura e o Urbanismo que a espelha... no nosso caso a sua quase ausência espelhará a deliquescência da sociedade?

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