sexta-feira, 17 de março de 2006

O que separa o inferno do paraíso é o que vai da coisa ao seu avesso ; é possível ver sem imaginar? Se assim for, afinal e ao contrário do que sempre se pensou, ver continua refém do olhar.
Ah… Wiggenstein!: «Quem vê os limites, vê sempre para além deles.»

quarta-feira, 15 de março de 2006

A neblina (depois será diferente)

A neblina está por toda a parte e ocupa toda a abóbada celeste empurrando o céu, tracejado por aves aos pares, contra a terra.

Quisera o convés dos poentes

terça-feira, 14 de março de 2006

Estar à altura

Ser livre é saber que temos uma vida ao nosso dispor.
(As que eu já tive e que recordo!)

Ando a correr para assentar uns pensamentos fugidios.

O futuro? Mas isso é uma abstração! Onde é que tens os pés, rapaz?

O medo é a única hipótese da euforia do heroísmo.
Ir ao encontro do meu medo!

O que é, é tão simples!
(depois deixo desenhos)

A mão e o livro lido

Tudo faz sentido quando tudo é o sentido.

Um momento é suficiente para reter e exigir toda a nossa atenção.

O calor desponta: os corpos exultam...
O mar é um líquido espesso derramado pela costa bordada de praias, cuja superfície lisa se enruga com a batida rítmica da onda periódica; por vezes, o espelho é rasgado pelo gume de uma proa que risca essa superfície: a cadência é idêntica aos traços deixados no altíssimo céu azul por um ponto alado em movimento ...

O solstício aproxima-se; hoje é meio-dia e a lua cheia está alta -- tudo é belo e frágil.

segunda-feira, 13 de março de 2006

Entra e não faças muito barulho...

O mecanismo que faz ser tão actual o pensamento de há 40 ou 50 anos é o mesmo que faz de um pensador um profeta.
Perceber:
«O quê? A eternidade!»
Estar:
Onde a vida merece ser vivida!
(A Primavera anunciou-se)
Claro que quero ser o que não consigo deixar de ser. Que estatuto! Turista. Turista mesmo, um livro fino, um bloco de papel sedoso, um máquina fotográfica leve e concisa, umas alpargatas rasteiras, uma brisa, um ar tépido, um azul celeste que reflicta o do mar, a montanha mágica…
Pára! Onde estás a ir? Onde te estás a esvair?

Bateu uma porta. É a realidade. Entra e não faças muito barulho…

sexta-feira, 10 de março de 2006

citações sobre «o choque de civilizações»


«(...) a noção de humanidade, englobando, sem distinção de raça ou de civilização, todas as formas da espécie humana, teve um aparecimento muito tardio e uma expansão limitada. ...(...) ... A humanidade acaba nas fronteiras da tribo, do grupo linguístico, por vezes mesmo, da aldeia; (...) enquanto os Espanhóis enviavam comissões de investigação para indagar se os indígenas possuíam ou não alma, estes útimos dedicavam-se a afogar os brancos feitos prisioneiros para verificarem através de uma vigilância prolongada se o cadáver daqueles estava, ou não, sujeito a putrefacção.»

Lévi-Strauss, in Raça e História

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2006

nós e os deuses

Já queimei os calendários...
Ah! Os desejos antigos!...
Permanecer de pé no meio da tormenta!
O limite que a beleza é,
O sabor de uma coisa a meio
Há que ser moderado nos objectivos e radical nos meios.

* * * * *

As pessoas não aceitam o que não percebem e nem todas merecerem a verdade.

Primeiro que saber viver, viver.

Uma frase pode ser alimento espiritual para vários dias

Quero que os deuses saibam que os aguardo...