domingo, 24 de julho de 2022

A propósito de Alphaville, de Godard

Voltei ao mesmo local cinquenta e poucos anos depois. Para tentar perceber. Da razão de ser destas palavras passei a outro motivo mais lato, e mais importante, o que teria acontecido nesses cinquenta anos?
(A verdade é que o que teria então sido anunciado está hoje completamente vigente).

O que se teria passado? Como condensar num relance tantos acontecimentos? Em que uns projectam uma sombra que obscurece outros e os coloca definitivamente longe da luz...
No entretanto, a morte faz ocasionalmente as suas sortidas... como um aguaceiro rápido e repentino. Com a gravidade inexorável de tudo quanto existe neste mundo...
Queixo-me da falta de comunicação: não compreendi a tempo o que me diziam; sempre foi impossível fazer ver aos aos outros o que via; nunca estive ao mesmo tempo que os outros no mesmo sítio... enfim, cheguei sempre antes ou depois. Estive sempre no palco mas ao lado do que se passava na cena.
E de tempos a tempos estas irrupções da presença da morte. Como um gongo ou as pancadas do bastão no teatro que anuncia que o espectáculo se iniciará dentro de momentos.


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