domingo, 30 de novembro de 2014


Do jantar com os condiscípulos.

“Como se chamava a cerâmica cretense?”.
Levantei-me, levantando o tampo da carteira para me pôr em pé. Não sabia a resposta. Um vozear dos colegas à minha volta. Alguém me assoprou: “Casca de ovo!”. Claro, quase que me apetece dizer que tinha que carimbar a resposta. Exclamei: “Casca de ovo carimbado!”
 (Tinham acabado de aparecer no mercado os ovos carimbados. Devo ter feito um sucesso para a história, que tinha esquecido por completo, me ser devolvida quarenta anos depois).

Ainda outra, que acho melhor por mais intemporal, também na aula de História:
Fui novamente interpelado e, mais uma vez, não sabia a resposta. À minha volta o tumulto habitual. Levantei-me. Mexi os lábios como se estivesse a articular uma resposta, mas sem emitir qualquer som. A professora, perturbada pela vozearia e nada ouvindo, mas sem querer que a dúvida a fizesse parecer fraquejar perante a turma: “Muito bem, pode-se sentar”.

Ser herói não foi tão difícil assim. Ser aquele que todos queriam ter a seu lado quando o bote ameaçasse ir a pique.


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