sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

(Para que as crónicas destes tempos não esqueçam)


O mar, cujas ondas se agitam contra a costa como a espuma na boca de um cão raivoso que abana furiosamente a cabeça, ameaça a terra... parece estar-se a cumprir a ameaça apocalíptica de a terra ser engolida pelo mar... (como desde há muito anunciava o incompreendido Ricardo, especialista em  vulcanologia, astrologia e na ciência das catástrofes).
Tudo leva a crer que o curso do mundo se precipitou: tudo caminha rapidamente para se tornar irreconhecível. As pessoas sentem o terreno fugir-lhes debaixo dos pés e veem ecoar no mundo a sua própria confusão e revêem no fim do mundo o seu próprio fim. 
E eu, que aqui pareço uma impassível testemunha dos infernais acontecimentos, não consigo distinguir os meus limites, o que me envolve num redemoinho ou o que lá longe ateia as chamas no horizonte...
Também a mim me acontece o que acontece ao mundo.



Sem comentários: