terça-feira, 23 de agosto de 2011

(verdadeiras férias)

Para compreender a natureza é preciso contemplá-la: presenciei três epifanias, três peixes desnorteados, agitando-se nos estertores da agonia, abandonados pelo espasmo do mar num banco de areia à beira de uma língua de água que o mar tinha deixado para trás na vazante. Dois, postos em contacto com a água da lagoa, descobriram num ápice o caminho do oceano. O terceiro optava invariavelmente pelo caminho errado rastejando pelo banco de areia fora, entre os dois espelhos de água e só quando projectado bem alto, relampejou e mergulhou nas águas para nunca mais ser visto. Julgo que o que quase o perdeu foi a memória do mar aberto. A segunda transcendência foi acompanhar os volteios de um bando gigantesco de gaivotas suspenso linearmente da linha de precipício das arribas.

Por fim, o pôr-do-sol, uma bola de fogo cruzando-se e enterrando-se no horizonte rectilíneo do mar (para nascer outra vez, noutro lugar).

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