terça-feira, 27 de março de 2007

Primeiro, era o segundo (ou a vida dos ponteiros)

O ponteiro dos segundos tem uma vida muito agitada; contínua e acelerada. Quando chega ao ponto de partida, suspende-se e aguarda o salto do ponteiro dos minutos.
Ponteiro dos minutos que vive em sobressalto, rigorosamente minuto a minuto.
Noutro canto do quadrante, na sua letargia, move-se imperceptívelmente o ponteiro das horas (nunca ninguém o viu mover-se). Qual jacaré, crocodilo que passa do estado de hibernação ao estado de congestão sem que disso nos apercebamos, pela vertigem com que abocanha e engole a presa que passa.
Quanto ao calendário dos dias é um animal furtivo que se locomove a coberto das horas incógnitas da noite; à aurora é já outro aquele que foi.
O mês só se dá por ele quando muda o passo, quando alterna de trinta para trinta e um dias... (a excepção que confirma a regra é o mês de vinte e oito dias). A regra do mês de vinte e oito dias também tem a sua excepção de quatro em quatro anos...
Assim, vamos caminhando cada vez mais para o etéreo... e dos anos é melhor nem falar: a mais das vezes só damos por eles quando já passaram...

1 comentário:

Anónimo disse...

muito muito bonito :)
sandra