Durante muito tempo fui arquitecto: imaginei os outros. Mais
tarde, muito mais tarde, encetei outra grande e verdadeira tarefa: imaginar-me
a mim próprio. Os outros, conclui, cabem a deus.
A idade de um homem mede-se pelos mortos, e pelos
mortos-vivos, que transporta às costas e na consciência. Um homem sem memória
não tem idade. Mas aquele que tem memórias mas que as revê como se fossem
fotografias de um álbum antigo, como que de um passado encerrado do
qual perdeu a chave para o presente, esse é eterno. Fechou o cofre e deitou
a chave fora. O caminho é mais leve com as algibeiras vazias. A presença é mais
nítida na ausência.
Sem comentários:
Enviar um comentário