quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Uma história de amor, a que não são alheios os tempos violentos que tenho vivido…



Preciso de possuir o tempo… e preciso de muito tempo porque os preliminares me demoram (e demoraram) tanto. E porque jovem, pensava que era inesgotável, agora sei que é curto e pouco. E também, imagine-se!, que não passava. É aliás uma sensação de que não consegui libertar-me completamente e que, por vezes, demasiadas, ainda me assalta. Mas o tempo e eu próprio são inseparáveis… e quero tanto ser eu mesmo, reencontrar o meu verdadeiro fluir, e fazer tantas coisas… Preciso do tempo: quero fazer uma história de amor entre mim e o meu tempo.


quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

mudança

Não me cansarei de dizer o teu nome!





Deixa as linhas das páginas dos livros: ora e ouve-te.

Pensar pela sua própria cabeça quando o pensamento estabeleceu as suas próprias regras.

Na vida há mais coisas que não valem a pena do que coisas que valham a pena. A Amizade é uma delas.
Só dor e drama! Conheci o inverno e o inferno!
Quero que os abanões me empurrem e embalem!
A voz da razão não é a única!
Quero acordar, não quero adormecer.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Passamos o tempo a vergar-nos a nós próprios. Retesamos o arco até ao paroxismo. Para onde irá a seta?

sábado, 21 de fevereiro de 2009

A verdade não é uma coisa absolutamente clara, mas quando é, é fulminante.

Ah! Saber que nada há a perder...
As solidões não se somam, multiplicam-se.
É preciso cavar muito para encontrar a serenidade,
estarmos sempre de partida... ou de chegada
E sentir o gozo de quem está vivo,
com a suave brisa no dorso ou o raio de sol no rosto.
Entender o movimento das ondas,
e fixar o momento que antecede o seu rebentar...
Ah! Sem vacilar nem adiar!















As asas da morte bateram por perto,
e a sua sombra obscureceu repentinamente tudo.
Não a podemos encarar,
mas podemos anteve-la 
naqueles que levam uma parte de nós
(o JJ foi hoje à frente,
não envelheceremos juntos)

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009













Sonha o impossível: estarás mais perto da realidade.
(Se conseguires viver com esse espinho cravado no peito,
Manter os olhos abertos e continuar o caminho....)
Então, não esqueças:
É ele,esse gume que veda e impede
que a vida se esvaia...



Larga lastro.

Para quem tanto anseia pela paz,
confesso um estranho fascínio por certas expressões como: «não há prisioneiros» ou «rendição incondicional»!

Sonho com o equilíbrio, mas aposto no tudo ou nada!
A coragem é o primeiro degrau da escada que leva ao céu!

A vontade há-de fazer as coisas claras, e o sol vencer as trevas....

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009














Quem gosta dos limites, gosta de conhecer-se.
Não percas tempo, desiste de ser entendido. Segue a tua intuição à desfilada... não há nada mais fiel que as visões...
Não penses duas vezes, não olhes pró lado, segue em frente...









um lugar no mundo

A obra completa contempla o eco e o acaso.
O eco é a ligação ao arquétipo, o acaso o que a torna única e irrepetível.
Sou um romântico que não acredita no romantismo.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009












A razão não deve perder-se em razões.

Não podemos estar sentados a ver a vida em filme.

A escrita é como a linha tensa que o chumbo retém; ligado a ela está o fio ondulante que, na extremidade, tem o anzol.

Só no mar se pode lançar âncora.

A luz da Primavera, que não ela, rompe e irrompe por todo o lado, impondo-se cruamente.

O meu pai brindou-me com um sorriso (e um sorriso dele sempre foi o sol a nascer), foi como se um bloco de granito lançasse um lampejo de vida: uma cumplicidade que devo entender.

A arte exige a solidão.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

homenagens

«Verde que te quero ver-Te»

não esperes por ninguém

Não se pode pedir às pessoas mais do que elas podem dar.
Deixa de ser pressentido para passar a ser sentido:
Quando sabemos que vamos morrer a vida tem outro significado, tem outro sabor (às vezes, amargo...).
Nunca nos convencemos do que somos.
(Restam-nos as metamorfoses).
O silêncio é a coisa mais desfocada que existe: calamos quando devemos falar, falamos quando devemos calar...
À falta de espelhos olhamos os outros.
Nas vozes de uns ouço outros.

sábado, 14 de fevereiro de 2009




Só há uma idade: a juventude – constantemente ameaçada!

(…) mais que uma espada é uma flama que ilumina o mundo em pleno dia. Palavras de ontem: «o repugnante mito da busca da felicidade», quando a realização tem a ver apenas com o dissolver dos constrangimentos cívicos e com a libertação dos instintos. É para aí que apontam as palavras esclarecedoras de Natália: «Não há amor sem escândalo». Essa busca, como todas, revela em si já a frustração, a divisão, tempos diferentes do desejo e da sua realização.

Poder pensar é pedir já muito.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

para uma nova sabedoria popular












Num poema e na loucura, nunca estamos sós.
Quem vê caras, vê almas. Pode não ver corações.
Parar é morrer: mas viajamos sobretudo dentro de nós.
Confiamos completamente em nós quando não podemos confiar completamente em ninguém.
Sem música, não se pode viver.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Em cada palavra há muitos sentidos
(um envelope com muitos pombos
correio ;)
Tapar o sol com uma peneira,
Meter o mar na cova da praia,
É o que é pretender falar,
Aquém da Poesia.
Mais certezas,
Só no suicídio ou
Num beijo apaixonado

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009





Se dinamito pontes e açudes,
É por respeito aos rios.
A única ponte para mim
(é levadiça)
Sou eu

domingo, 8 de fevereiro de 2009





corça selvagem: o sofrimento pode ser indizível...
o que temos que passar para perceber que não somos imortais...
(aceitamos sem compreender)





As nuvens brancas correm céleres na escura esfera celeste perfurada pela fixa e aureolada Lua Cheia.

Entrega-te ao presente.
O passado são passados. 

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

O post do dia 5 de Fevereiro



«Há-de talvez saber-se um dia que não havia arte, mas tão só medicina.»

JMG Le Clézio (in «Índio Branco»)


Se o espírito está numa cela,

Façamos dela uma cidade:
Com palácios e castelos,
Praças e jardins...

é assim:

Não posso, não quero, passar um dia sem viver:
Se olharmos para os pés, perdemos de vista o caminho...
(A Alma está nas nuvens e o corpo em prisão domiciliária)

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

fantasmas























A vantagem de nos debatermos com vários fantasmas é a de rodarem entre si e nunca nos conseguirem dominar: nós é que podemos ficar com o universo tão saturado deles que possamos imaginar facilmente um mundo onde não existam.

Sempre adorei a forma como a matemática faz o seu caminho: por saltos, como… sob o efeito de um click!



terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

antes do dilúvio

O CUBO

Nasci dentro de um cubo de gelo, em qualquer parte do lodo que atapeta o Mar Azul. Nasceram-me guelras á força de beber água. E aprendi a nadar á força de me afogar. Durante muito tempo naveguei em muitos outros até que, todos, um por um, me vomitaram. Fiquei húmido de tanto me escorregar por milhões de algas e nunca me libertei disso. Mesmo depois de me crescerem braços e pernas. Os líquidos interiorizaram-se e já em terra firme se não era o meu corpo que flutuava era o meu espírito que boiava. E a melhor prova disso é que sempre que metia um dedo nos meus orifícios vinha húmido. Húmido, mas às cores: nos ouvidos – amarelo; na boca – incolor (vejo agora que menti); nos olhos, idem; no nariz – esverdeado ou amarelado; no membro – branco ou amarelo; no rabo – castanho ou verde e se a merda não era lá muito líquida era porque as lágrimas se produziam à distância, lá muito alto. Misturei todas essas cores com saliva e lágrimas como dissolventes e depois, o amarelo, o branco, o castanho e o esverdeado formaram esse tom com que me pintei – cor de areia. E daí também não sei se fiquei assim pela estadia no mar e pelos longos anos de caminho entre ele e a terra firme. Sei que andei muito por aí de quatro, de gatas. E foi assim, no contacto com os calhaus, as plantas e os espinhos espetados no chão, que abri fendas em mim. Principalmente nas extremidades. Quatro nos términos de cada membro e duas na cara à força de pensar que existiam coisas fora de mim. A do cu foi quando engoli toda a merda duma vez para a ir depositando aos poucos. A do membro, essa foi aberta por uns abortos que me queriam perpetuar. A boca rasguei-a por acidente, com os dentes, uma vez que estava a mastigar um pensamento. E descobri pelo tacto, também por acaso, uma montanha. Foi lá que, por contágio com as cabras e os abutres me cresceram cornos e asas. Mas só eram visíveis por pessoas que respirassem o ar daquelas paragens, cujo sangue nos machos era salgado e nas fêmeas era doce.

Desgastei-me nas estruturas de aço da montanha, arrancando pedaços de carne e pondo-os noutros. Fiquei assim até atingir a forma de um mastro ou de um membro imarcescível e ateei a bandeira em farrapos dos meus nervos e proclamei-me louco. Toda a sociedade assistiu, e bateram os martelos. Os parafusos pararam de fecundar as porcas e vieram também assistir, eis porque a montanha, por falta de apoios, desabou com um grunhir e guinchar de ferros riscados. Claro que me acusaram disto tudo. E sentenciaram-me a voltar para o mar, boiando sobre a viga mestra da montanha. Assisti depois, com horror, ao enchimento da maré, até que me dissolveu o corpo cor de areia. Claro que depois cessou a revolta do ferro contra a ferrugem, a harmonia restabeleceu-se e os parafusos continuaram a fornicar, e agora até a eternidade, as porcas, porque tudo se tinha arrependido de se ver dividido.

E se sei tudo isto é porque os ventos e as marés se me conservaram fiéis e transportam agora os meus disseminados grãos de areia a todas as partes do universo.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

voluptuosidade

O politicamente correcto é uma forma de puritanismo.

exílio


Tanto tempo longe...
Tanto tempo fora da pele,
Tanta agitação a encher o vazio,
Tanta palavra a evitar o silêncio,
Tanta ilusão a tapar a decepção,
Tantos comboios para parte nenhuma,
Tanto tempo em fuga,
Tanta falta de atenção e de memória,
Tanta falta de ar,
Tanto desviar os olhos,
Tanto procurar sentidos onde não há direcções.

E é tão fácil... regressar.
Abrir a porta e entrar...!